terça-feira, 9 de novembro de 2010

Era Pollyanna e não sabia

Acreditem se quiser, mas até o último mês não conhecia a famosa estória de Pollyana e se quer tinha ouvido falar do jogo do contente. Até que meu grande amigo Gilberto me enviou o livro de presente em homenagem a minha maternidade. Aí que fui saber como a estória e sua moral eram famosas. Pollyanna é uma simpática órfã que passa por maus pedaços ainda muito pequena e aprende a praticar um jogo que a ajuda a sempre enxergar o lado positivo de tudo que lhe acontece, o jogo do contente. Cheguei a conclusão que sempre fui uma menina à Pollynna, mesmo sem conhecer sua estória. Não que minha vida também tenha sido um drama como a da personagem, mas também não foi uma infância cor-de-rosa.
Estive bem perto de saber o que era fome, e por isso saboreava cada mingau de maizena, cada prato de arroz e feijão como um banquete. Só ganhava roupas novas uma vez por ano e mesmo assim me sentia privilegiada. Apanhava de minha mãe por motivos idiotas, mas não sentia raiva dela, pois sabia que vivia sempre muito nervosa por conta da vida difìcil que a gente levava. Fui molestada sexualmente algumas vezes e preferia pensar que aqueles homens não faziam isso por mal, mas só eram uns fracos que não sabiam controlar suas taras. Fui humilhada várias vezes por parentes que se achavam no direito de fazer isso só porque tinham mais dinheiro, e chegava a conclusão comigo mesma que ter tanto dinheiro não faz bem para a cabeça. Via meus primos ter e fazer tantas coisas que eu não podia e mesmo assim eles eram tão chatos e birrentos, que cheguei a conclusão que ter demais é entediante. Quando meus pais se divorciaram não fiquei me fazendo de vítima e filha sofredora, fui consolá-loa, pois eles estavam sofrendo muito mais do que eu. Como pode ser isso? Criança não entende de conjuntura socio-econômica, criança não entende nada de psicologia. Não sei explicar, mas por algum motivo minha natureza humana, mesmo quando eu não entendia nada, escolhia olhar além da superfície das coisas. E sou muito grata por isso. E agora que descobri Pollyanna, não me sinto mais sozinha e fico feliz em saber que esta visão de mundo está sendo espalhada por aí. Leiam este livro e parem de se sentir vítimas do mundo, parem de olhar para seus umbígos. Não existe sofrimento, o nome certo é aprendizado. E aprender pode até doer, mas depois vem a redenção, a liberdade. Valeu pelo presente, Gilbertão!


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Olhando o movimento

As pessoas dizem que eu sou louco por fazer o que faço
Bem eles me dão todos os tipos de conselhos para me salvar do fracasso
Quando eu digo que eu estou o.k, bem eles olham para mim de um jeito estranho
Com certeza você não está feliz agora que você já não joga (mais) o jogo
As pessoas dizem que eu sou preguiçoso fazendo de minha vida apenas sonhos
Bem eles me dão todos os tipos de conselho feitos para me iluminar
Quando eu lhes falo que eu estou bem assistindo sombras na parede
Você não sente falta do menino daquele tempo grandioso, que você não é mais?

Eu estou apenas sentado aqui olhando o movimento
Eu realmente adoro ver o movimento
Já não monto no carrossel
Eu apenas tive que deixar rolar

Ah, as pessoas fazem perguntas, perdidas em confusão
Bem, eu lhes digo que não há problemas, só soluções,
Bem, eles balançam suas cabeças e me olham como se eu tivesse perdido a razão
Eu lhes digo que não há nenhuma pressa
Eu apenas estou sentado aqui 'fazendo hora'

Eu estou apenas sentado aqui olhando o movimento
Eu realmente adoro ver o movimento
Já não monto no carrossel eu apenas tive que deixar ir
Eu apenas tive que deixar rolar
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Lendo, assistindo e ouvindo John Lennon no mês e ano em que faria 70 anos, descobri esta letra fantástica de "Watching the wheels". Quem nunca passou por isso? Ouvir tantas vezes uma música, mas não se dar conta da letra, até que um belo dia você ela mergulha em você. Letra muito pertinente a idéia que eu tenho dessa roda viva em nos metemos hoje, neste mundo de "winners and losers". Viva John!!!!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Gilberto's 60






Hoje é aniversário do Dr. Gilberto Felisberto, para os íntimos Gilbertilce. Sabe aquela pessoa que passa pela sua vida e faz toda diferença? Uma diferença tão grande a ponto de você não saber se seria a mesma pessoa se não a tivesse encontrado. Mesmo tendo pais semi-analfabetos eu não posso reclamar da criação cheia de bons exemplos e sentido ético que tive, mas conhecer e conviver com Gilberto e sua incrível família foi uma espécie de pós graduação no universo da minha criação e no desenvolvimento do meu caráter. E sou muitíssimo grata a vida por esta amizade, que para mim é infinita. Meu grande amigo, que todas as forças do bem e da sabedoria presenteem você neste dia. Queria muito poder dar-te um abraço e ouvir suas "mentiras" hoje, mas infelizmente a distância não me permite, então resolvi prestar-te esta espécie de homenagem aqui. FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Eu, meu filho e a menina



Olha a cena que presenciei esta semana: Meu filho (2 anos) revirando minha bolsa, achou minha carteira e começou a tirar tudo lá de dentro. Acabou encontrando um velho albinho de fotos 3x4 que carrego há anos, com fotos da família e de alguns amigos. Mas uma específicamente chamou a atenção dele, a que está aí ao lado. Ficou olhando para ela, com um certo encanto, por um tempo e depois veio até mim e disse: Mamãe, olha que legal a menina! (Que sou eu aos 6 anos) Sem conseguir explicar muito bem meu olhos encheram-se d'água e enxerguei este momento com tanta poesia. De repente estava vivendo um momento fisico-quântico, onde passado e futuro se encontram. Éramos 3 ali, eu, meu filho e a menina. Ele brincou com ela e ela sorriu para ele. Foi um mergulho nostálgico que abriu um monte de gavetinhas do maravilhoso mundo da minha infância.

Este episódio me fez lembrar das palavras de Lia Luft "A menina que eu era é mãe da mulher que sou". Esta menina ainda mora aqui dentro e é ela que me ajuda a enteder meu filho e quebrar o gesso da mulher que vive preocupada em dar conta de tudo. E a mãe que sou hoje também me faz compreender minha mãe com seu estresse, rígidez e preocupação que marcaram a minha infância. Por isso que não gosto destas teorias que defendem que devemos esquecer o passado. Como? Se foi o passado que nos trouxe até aqui. Não é passado , é a nossa história. Devemos, sim, é aprender com ele para lidar melhor com o presente. Conseguindo compreender os processos da vida e as missões que ela nos impõe sofremos menos, ficamos menos engessados e amargos. Eu recomendo: Não deixe para trás a pessoa que você foi, pelo contrário, converse com ela, peça conselhos. E se, por acaso, não conseguir se lembrar da infância e de quem você foi... ao invés de perder horas num shopping preocupado com o presente da sua mãe, peça um colo a ela e peça que ela te ajude nessa missão, tenho certeza que ela vai adorar. Mães adoram voltar ao passado e lembrar de seus meninos e meninas. Quem sabe você também consegue fazer uma viagem físico-quântica e se encontrar com você mesmo.

Viva o estado mágico de sermos mães e filhos!!! Viva a transitoriedade da vida!!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sorte minha!



Dia desses estava tendo uma daquelas conversas com minha amigona Janaína, daquelas em que ouvimos mais do que falamos e ela me disse o seguinte: "Você é uma pessoa de sorte, pois por mais que não tenha conquistado muitas coisas na vida até hoje (lê-se sucesso financeiro), ainda assim teve e tem a oportunidade de viver coisas incríveis porque as pessoas simplesmente gostam de você". Fiquei pensando muito nisso e cheguei a conclusão de que ela tem razão. Nunca fui uma pessoa com muita grana, minha família não é e nunca foi, mas já tive oportunidades incríveis por causa da bondade de terceiros (que ninguém se ofenda com "terceiros"). Já viajei para lugares incriveis, tive boa formação escolar e intelectual, tive bons empregos, provei delícias, fui a shows delirantes, conversas filosóficas e transformadoras, participei de montagens teatrais transcendentais e por fim tive um filho incrível (sim, porque precisei de um terceiro para fazê-lo), além de muitas outras experiências que não dariam para explicar aqui, mas que modificaram muito a minha pessoa. Realmente tive a sorte de encontrar pessoas maravilhosas nessa vida que por algum motivo foram muito generosas comigo. Muitos podem pensar: Mas porque esta menina que teve tantas boas oportunidades na vida não se encontrou profissionalmente? Talvez tenha sido por isso... sempre tive com quem contar e passei tempo demais sonhando, delirando, idealizando... putz! Não sei explicar! Bom, mas não quero ficar me lamentando neste post, comecei a escrevê-lo com a intenção de agradecer. Quero agradecer vocês que por alguma razão foram muito com a minha cara e me proporcionaram grandes experiências durante estes meus anos de vida. Bom então vamos a lista...
Obrigada!!!
 (por ordem cronológica)
  • Pai e Mãe (não deveriam contar, mas pais que educam estão cada vez mais raros e por isso devem ser reconhecidos)
  • Gilberto e Ilna (Que por puro amor me cuidaram como pais)
  • Mariana e Flora Felisberto
  • primos Zé, Marlúcia, Carol e tia Luíza
  • Nani e a família Casotti
  • Lilian da Silva Lamas
  • Edielton de Paula
  • Sandra Ronconi
  • Renata Alvadia
  • Juliana Suaid
  • Carlos Augusto Penna
  • Alessandra e Moisés
  • Ricardo Andrade
  • Marco Aurélio
  • Rufino Carmona
  • Janaína Salles
  • Arquimedes
  • José Arthur
  • Marcelo Caneca e Marília Caneca
  • Camila Diehl
  • Ana Lúcia Santos e Alcilan Crespo
  • Roberta Medina e família
  • Christiane Sym
  • Daniela Santos
  • Cristina Marques
Lista sujeita a acréscimos no decorrer da minha vida.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O rito do espanto e do recomeço


São 00:42 do dia 26/01/2010 e estou aqui em frente ao computador com mais uma crise de insônia pensando em algo legal para escrever, mas nada me vem. Não queria fazer deste blog uma espécie de diário, falar do meu mundinho, acho meio egocêntrico isso, mas já ví que hoje não vou ter muita saída. Acabei de atravessar uma fase penosa com muita ebulição na vida pessoal e é esta recente experiência que me preenche agora. Sabe quando vc precisa tomar decisões cruciais para pular uma etapa da vida e ir para outra? Pois é, foi um desses momentos. É, minha gente, definitivamente, crescer doi. Não posso mais me dar ao luxo de ser uma sonhadora. Já não sou há dois anos, desde que meu filho nasceu, mas agora até os resquícios estão indo embora. Tomei uma overdose de chá de "pé-no-chão". Sinto necessidade de abandonar velhos sonhos, que já não me preenchem mais, que se revelaram tão frustrantes e inalcançáveis para mim. Mas confesso que o processo de riscá-los da minha mente é dolorido. Estou otimista com relação aos novos caminhos que estou traçando, mas abandonar sonhos é matar um pouco de vc e quem vc foi até um determinado período da vida. É isso que incomoda. Mas a catarse é necessária. Sempre tive muita dificuldade em escolher o que eu ia fazer da vida. A gama de possibilidades me deixou muito perdida. Nunca soube focar. E hoje colho os frutos destes descaminhos. Não estou dizendo que sou infeliz com minha vida, a questão é profissional e financeira. Sentir satisfação ao fazer algo. Gosto da pessoa que me tornei, do meu caráter, da minha postura como cidadã, da mãe que sou, da minha mente aberta e ainda faminta de muito saber. Mas é foda!! São raras as pessoas lá fora vêem estas características pessoais como louváveis. Só te perguntam o que vc faz? Quanto ganha? Onde mora? Tem carro? Ô pobreza, viu! É uma gente vazia e inabitada, mesmo! E não vou ser hipócrita dizendo que pouco me importo com que pensam de mim, me importo, sim. O que as pessoas que são relevantes na nossa vida, pensam de nós, é importante. Não vou mudar minhas convicções por causa de ninguém, mas ter a aprovação de quem se importa coma gente é muito bom. E isso tudo está me ensinando uma coisa muito bacana: vou criar meu filho para ser um homem inteligente, correto, bom caráter e com amor pela vida (a dele e a dos outros) e não uma mão de obra qualificada e bem aproveitada pelo mercado. Enfim, já estou perdendo o foco mais uma vez, o que quero dizer é que estou abandonando velhos sonhos, mas não me sinto uma "Loser" (como os americanos babacas adoram falar), ao contrário, tenho orgulho de mim mesma por ser inteligente o suficiente para buscar novos horizontes e me sentir muito bem neste novo lugar, ainda que deconhecido. Sabedoria e lucidez é o que peço aos deuses, com elas se vai a qualquer lugar... até aos velhos sonhos.